O País Basco é uma pequena jóia, da qual o percurso de Villatuerta à capital, Logroño, é um diamante especial. São 58km de contrastes e paisagens maravilhosas, com subidas desesperadoras, perfazendo um ganho total de elevação de 1.003m. Em compensação, tem single-tracks de tirar o fôlego, descidas desafiadoras e um sabor inconfundível do Camino, como se pode ver nesta imagem, captada da região de Igúzquiza, que fica entre Estella e Villamayor de Monjardin:

Saímos do Albergue de Villatuerta com frio intenso. Tínhamos a indicação de 1°C com sensação térmica de -1°C e é o que sentíamos. Usamos a mesma roupa que estreamos nos Pirineus, ou seja, todo o agasalho que tínhamos: duas meias, segunda-pele completa, bermuda e camisa, mais fleece e corta-vento, manguitos, pernitos e luvas. As luvas de tecido que comprei na Caminoteca, em Pamplona (Gracias! Augusto e Cacá), usei por baixo das luvas curtas de pedalar. Mas o dia estava lindo e, aos poucos, foi esquentando, até os tórridos 20°C, máxima do dia.

Antes de chegar à área urbana de Estella, passamos por propriedades chiques e, em seguida, um complexo de edifícios religiosos imponentes. Depois a cidade velha, com seu charme medieval, e, a alguns quilômetros, a cidade de Ayegui, marcando os 100 primeiros quilômetros de percurso no Caminho.





Depois de sair da área urbana de Ayegui, encontramos uma fundição e serralheria muito especial. Havia lustres de ferro lindos, mas não podendo trazer na bike, me contentei com uma conchinha de ferro, para usar como pendente e registrar uma porta trabalhada pelo ferreiro artesão. Aí também pegamos dois carimbos lindos para nossas credenciais.


Seguindo adiante, a próxima parada foi o Monastério de Irache e a curiosa fonte de vinho, mantida pela vinícola local, como cortesia aos peregrinos.



Sede do Monastério de Irache


Seguindo no pedal, deixamos a região de Ayegui e seguimos para Igúzquiza, sempre acompanhando, ao longe, o perfil de uma montanha triangular, com uma fortaleza em ruínas no topo.


Adiante, paramos em Azqueta para tomar capuccinos, num pequeno café, e depois seguimos em frente, até chegarmos à base da montanha triangular, com castelo no topo, e alcançarmos a cidadezinha de Villamayor de Monjardin.


Caminho, na aproximação à cidade de Villamayor de Monjardin
A pequena casa na foto acima é uma cisterna que marca o início de uma trilha que, provavelmente, leva ao castelo na montanha. À esquerda, já se vê a pontinha da torre da igreja de Villamayor de Monjardin, cuja chegada é tornada espetacular, pela composição plástica da torre da igreja com os ciprestes que ladeiam o caminho, como se pode ver nas fotos abaixo.



De V. De Monjardin a Los Arcos, foi uma sequência de trigais e de uma outra cultura que dá florzinhas amarelas. Não sabia o que era, mas a Bia descobriu tratar-se de canola.





A área urbana de Los Arcos é bonita e muito turística. Quando passamos havia muitos peregrinos pelas mesinhas dos restaurantes e fazia tempo bom, com um sol brilhante de primavera. Uma festa de cores.



Depois, vieram Sansol e Torres Del Rio, onde vimos uma plantação cheia de florzinhas roxas que, decididamente, não sei de que cultura são.




Depois passamos perto de Armañanzas e Bargota, mas não entramos na área urbana de nenhuma delas.
Em Armañanzas, registramos cenas curiosas do Caminho:


Nas áreas pertencentes a Bargota o Caminho fica bem acidentado, dividindo espaço com rodovias que, certamente, tomaram os melhores traçados para si. É preciso carregar a bike em alguns pontos e ter muito cuidado nas descidas.


Também não entramos em Viana, porque o desvio para adentrar à cidade acrescentaria mais uma subida (e Bia já estava, com razão, cansada), mas passamos bem perto, de modo que pudemos registrar a muralha e a velha igreja.


Seguimos, então, mais 10km até Logroño, a bela capital da Navarra, também nosso ponto de pernoite desse emocionante dia. É uma grande cidade, cortada pelo rio Ebro, com belas praças e avenidas largas. Nós nos hospedamos no hotel Isasa, que fica num local bem central, próximo do mercado San Blas e dos bares de Tapas.


Não registrei fotos da noite em Logroño, mas Bia fotografou a praça Paseo Del Espolón. Para o jantar, seguimos a sugestão do recepcionista do hotel Isasa. Fomos comer num dos bares da Calle del Laurel, chamado Taberna del Tío Blas. Uma delícia!
Resumo do dia 4 – Caminho de Santiago
Percurso: de Villatuerta a Logroño
Distância e ganho de elevação: 58,3km com 1.003m de ganho de elevação
Até amanhã!