Um dia de sol maravilhoso, muito frio pela manhã, mas com céu limpo. Fizemos um pedal pesado, com quase 1.100m de ganho de elevação em 60km, incluindo a dura subida para o Alto dos Perdones, mas, por mais que cansados, chegamos a Villatuerta muito satisfeitos, com o coração e os olhos cheios de cores deste lindo País Basco espanhol.

Vinhas com o burgo de Cirauqui, Navarra, ao fundo. País Basco espanhol

Como na chegada a Pamplona, na véspera, percorremos o lindo parque do Paseo Fluvial, que acompanha as margens do rio Arga, desta vez no sentido contrário, para retornar ao traçado do Camino de Santiago.

Dois no Caminho, às 9:15 da manhã
Cena no Paseo Fluvial de Huarte, Pamplona

Uma vez lá, logo encontramos um outro parque, o de la Tejeria, com sua imponente fortaleza e o testemunho da luta contra o fascismo nas recentes eleições gerais, que deram vitória ao partido socialista espanhol.

Fortaleza do Parque de la Tejeria
Marco do parque com pichação antifascista
Porta com ponte levadiça, no Parque de lá Tejeria

Depois dos parques, alcançamos o centro velho de Pamplona, muito bonito e cheio de surpresas, como a de encontrar, por puro acaso, a lojinha de lembranças que o Augusto Tomimatsu recomendou, na Calle de Curia, 15.

(foto da Bia)
Edifício na Plaza Consistorial
Portal no Parque de la Taconera, Pamplona

Deixando Pamplona para trás, atravessamos o município de Cirzur, de onde já se via, ao longe os imponentes Altos dos Perdones, com as hélices do parque eólico sempre girando.

Igreja na área urbana de Cirzur
Trigais na base dos Altos dos Perdones
Papoulas do campo, à beira da trilha
Trigais e as fraldas dos “Altos” ao fundo
Campos floridos, como muitos na região
Peregrino italiano que conversou comigo num momento de descanso
Bia faz uma pausa à sombra

A subida foi realmente dura, com trechos muito íngremes e pedregosos, mas há pequenos trechos em que a inclinação diminui. Num destes, encontramos o pequeno povoado de Zariquiegui, com sua igreja medieval e um albergue, onde paramos para um lanche.

Igreja em Zariquiegui, na encosta dos Altos dos Perdones
Interior da igreja em Zariquiegui

Lá no alto, com a parada para descanso, algumas surpresas.

Peregrinos na última etapa da subida dos Perdones
Paisagem com parte de Cirzur e Pamplona mais ao longe
Chegada da trilha ao topo dos Altos
Cume dos Perdones, com algumas geradoras eólicas à vista
Esculturas em ferro mostrando antigos peregrinos em tropa de mulas

Enquanto eu aguardava a chegada da Bia, apareceu um casal, de carro, para fotografar a filha, que fazia a primeira comunhão. Pintou a primeira curiosidade: flagrei a pequena “Marilyn Monroe”, segurando o vestido que o vento, intenso, levantava.

Garota posa para foto de primeira comunhão
O ciclista que vos fala

Pois Bia chegou e sugeriu que eu fotografasse o furgão de um albergue que faria muito sucesso, depois de tal subida insana, com um certo casal brasileiro que conhecemos.

Furgão do albergue de Puente Lá Reina que recolhe peregrinos “cansados” nos Altos dos Perdones

Como nem tudo são alegrias, também tivemos a tristeza de testemunhar o monumento que foi erigido ao lado da entrada da trilha de descida, que marca o local de um similar do horrivelmente famoso Cemitério de Perus, no Brasil. Aqui, trata-se do sepultamento clandestino de 92 pessoas assassinadas pelos franquistas em 1.936. Mais uma prova de que o fascismo é a coisa mais horrenda que o ser humano já criou. Também é testemunho de que o horror fascista não deve ficar impune, sob pena de se vê-lo renascer, como no Brasil, inclusive pelo voto livre e voluntário de pessoas que eu estimava. Na segunda foto abaixo, no painel, pode-se ler os nomes das vítimas.

Monumento às vítimas do franquismo assassinadas e enterradas neste local em 1.936
Painel explicativo do monumento

Para descer, evitamos a trilha dos peregrinos, que todos disseram ser demasiado perigosa para os ciclistas. Fizemos um contorno de uns 2-3km pelo asfalto, para alcançar o trevo que se vê no lado direito da foto abaixo, e daí seguindo para a esquerda até reencontrar a trilha peregrina, já ao pé da grande montanha.

Vista do vale ao pé dos Perdones, do lado oposto a Cizur

Ultrapassados os Perdones, seguimos pelo vale, também coberto de trigais, passando por Uterga, Muruzábal e Obanos, para alcançar Puente La Reina.

Albergue de peregrinos em Uterga
Trigais na região de Uterga
Casa com horta anexa, em Uterga
Papoulas que crescem nas bordas dos trigais
Bem-vinda descida, rumo a Muruzábal
Igreja em Muruzábal, área urbana
Basílica em Muruzábal, área rural
Praça da igreja em Obanos
Detalhe da porta de Obanos
Chegada a Puente La Reina

Em Puente La Reina, almoçamos num restaurante simples mas razoável, numa praça, e depois cruzamos novamente o Arga, aqui bem mais caudaloso, por uma bela ponte, para seguir o Caminho em direção a Mañero, Cirauqui e Lorca.

Calle Mayor, que nos levou ao almoço em P. La Reina
Vista da porta e parte da ponte sobre o Arga
Casario às margens do Arga
Rio Arga visto da ponte

A região de Mañero é uma serra difícil de subir, mas muito bonita, donde se pode ver o perfil dos Altos dos Perdones à distância, do outro lado do vale.

Início da subida em Mañero
Visão dos Perdones, do outro lado do vale

Cirauqui é especial. Um pequeno burgo encarapitado numa colina cercada de vinhedos e trigais. Após a área urbana, mais campos, muitas oliveiras, colinas e trilhas desafiadoras. Lindo.

Ainda em Cirauqui,já quase chegando a Lorca, vimos uma ponte de um canal fluvial, parte do sistema que liga vários rios navegáveis da Europa.

Cruzamos Lorca e, logo, o vale de Yerri, até atingir Villatuerta, onde tivemos bom descanso num Albergue vegetariano, muito simpático e com excelente comida dessa especialidade.

Valle de Yerri
Albergue vegetariano em Villatuerta

Resumo do dia 3 – Caminho de Santiago

Percurso: de Pamplona a Villatuerta

Distância e ganho de elevação: 58,8km com 1.081m de ganho

Até amanhã!

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